domingo, 1 de maio de 2011

Resenha do livro: "Cibercultura e formação de professores"

   O livro "Cibercultura e formação de professores", organizado por Maria Teresa de Assunção Freitas,  apresenta uma coletânea de textos de autores diversos que tratam das relações e influência das tecnologias na educação.
   O primeiro conjunto de textos aborda o envolvimento da escola com o computador e a internet no seu dia a dia e na vida de professores e alunos.
   No primeiro capítulo,"Relações entre tecnologias digitais e educação: perspectivas para a compreensão da aprendizagem escolar contemporânea", Eucidio Arruda discorre sobre a questão da mudança paradigmática na educação, a qual leva a transformação do processo ensino-aprendizagem.O autor coloca que todas as discussões em torno do processo educacional perpassam as mudanças tecnológicas da sociedade atual, as quais acarretam todo tipo de transformação: social, cultural, política, econômica, cognitiva etc.Essas transformações exigem da escola e dos educadores uma nova prática pedagógica a fim de atender essa demanda social, visto que a instituição escolar ainda encontra-se distanciada dessa exigência da sociedade.Por isso, o autor evidencia a necessidade de se discutir mais sobre o assunto.
   Maria Helena Silveira Bonilla, no segundo capítulo, "Escola aprendente: comunidade em fluxo", comenta sobre a necessidade da escola acompanhar as mudanças sociais provocadas pela tecnologia, repensando sua prática. Bonilla sugere uma escola aprendente que possa constituir-se numa comunidade em fluxo, capaz de interagir com o mundo tecnológico (a sociedade da informação, sociedade em redes),  processando informações, construindo conhecimento , ou seja, uma escola apta a promover o desenvolvimento profissional de acordo com as exigências sociais.
   No terceiro capítulo, "Professores e internet: desafios e conflitos no cotidiano da sala de aula", a autora Rosane de Albuquerque dos Sanrtos Abreu aborda a relação do professor com a internet, relatando uma pesquisa que desenvolveu com professores do ensino fundamental e médio, na qual foram apontados os desafios e conflitos gerados pelo uso da internet.
   Maria Teresa  de Assunção Freitas com o texto: "A formação de professores diante dos desafios da cibercultura", encerra esse bloco de capítulos com a apresentação do relato de uma pesquisa qualitativa a respeito do letramento digital e da aprendizagem na formação de professores. A autora define letramento digital e estabelece uma relação deste com a formação de professores. Para uma melhor compreensão do objeto de estudo da pesquisa, como também da metodologia, Maria Teresa fundamenta o seu trabalho a partir da teoria da linguagem de Bakhtin e da teoria da construção de Vygotsky. Com este trabalho de pesquisa de intervenção, a autora concluiu que os educadores puderam refletir sobre sua prática pedagógica,sentindo-se provocados a mudanças para um efetivo uso do computador e da internet na escola.
   O próximo conjunto de textos, os capítulos 5 e 6, focalizam o tema inclusão digital.
   No capítulo 5, "Infoexclusão e analfabetismo digital: desafios para a educação na sociedade da informação e na cibercultura", Marco Silva,  expõe a necessidade da educação favorecer a formação do educando na cibercultura, na sociedade da informação, ou seja, a escola precisa qualificar o educando para que realmente atinja a sua função social: formar cidadãos, evitando, dessa forma, a exclusão social, no caso, a infoexclusão.
   Lívia Maria Villela de Mello Motta, no capítulo 6, "Teleduc - Ferramenta de apoio e de inclusão digital no programa Ação Cidadã", discute o uso do Teleduc, um projeto de extensão desenvolvido pelo LAEL da PUC- de São Paulo com o objetivo de aprendizagem a distância. A autora coloca que o Teleduc apesar de ter o propósito inicial de ferramenta de apoio para as oficinas presenciais, proporcionou a inclusão digital de professores, tornando-se um espaço para a formação de professores, colaborando para que estes refletissem sobre sua prática e interagissem com a de outros.
   O último capítulo do livro difere dos anteriores,trazendo um outro enfoque. Assim, no sétimo capítulo, "Aprendizagem do adulto: contribuições para a construção de uma didática on-line", a autora Adriana Rocha Bruno traz à discussão a questão da aprendizagem de adultos neste novo contexto (cibercultura), relatando uma situação de ensino a distância. A autora conclui que a aprendizagem do adulto nos cursos a distância necessitam de uma ligação crítica com o mundo, a fim de que os adultos aprendizes possam interagir em outros espaços virtuais além do seu ambiente virtual de curso.Ao abordar o tema do capítulo, Adriana Bruno procura fundamentar as contribuições da didática na aprendizagem on-line, baseando-se em estudos sobre a aprendizagem experencial desenvolvidos por   David Kolb, além das contribuições  teóricas de Saturnino de La Torre, Otto Peters e Jose A. Valente.
   Apesar dos diferentes enfoques dos textos apresentados no livro "Cibercultura e formação de professores", percebemos que existe uma relação entre eles à medida que tratam de questões relacionadas a formação de professores na era da cibercultura.
   A organizadora do livro resenhado, Maria Teresa de Assunção Freitas, é mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em Educação pela Pontifíca Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - RIO). É professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), atua no programa de Pós-Graduação em Educação e no curso de Pedagogia.Atualmente é coordenadora de pós-graduação strictu sensu da UFJF. Também é pesquisadora do CNPq e da FAPEMIG, coordenando, desde 1995, ogrupo de pesquisa Linguagem, Interação e conhecimento (LIC).Trabalha com as seguintes linhas de pesquisa: perspectiva psicológica histórico-cultural, leitura e escrita, letramento digital e formação de professores.É autora  dos livros Vygotsky e Bakhtin - Psicologia e Educação: um intertexto (Ática, 1994), O pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil (Papirus, 1994) e uma das organizadoras de Leitura e escrita de adolescentes na internet e na escola (Autêntica, 2005).

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